Nesses últimos dias, pude perceber que não se trata da condição ou das circunstâncias — trata-se do propósito. Uma pessoa que deseja morrer, mesmo que tenha todas as condições do mundo, dificilmente vai evoluir na vida. Muitos já tiveram esse pensamento de querer sumir, mas, ao encontrar uma pessoa amada, ter um filho ou conseguir um emprego — ou seja, ao encontrar um propósito —, conseguiram mudar. Sem um propósito, a evolução pessoal se torna muito difícil.
Passei quase a vida inteira desejando a morte, porque a vida não fazia sentido para mim. Não via lógica em me esforçar durante toda a vida para, no fim, morrer e não levar nada — nem mesmo as memórias. Então, qual seria o sentido de tanto esforço?
Com o tempo, percebi que a vida é feita de momentos. Nada dura para sempre. Há o momento de se reunir com a família, o momento de tristeza, o momento de felicidade, de angústia, de prosperidade, de dificuldades. Momentos com muitos amigos, momentos de solidão, de sorrisos, de lágrimas… E assim por diante. Muitos passam por esses momentos sem aproveitá-los. E, às vezes, "aproveitar o momento" é simplesmente observar — apreciar com os olhos aquele instante.
Passei muito tempo da minha vida frustrado por tentar e tentar, e mesmo assim não conseguir certas coisas. Mas aprendi, ao longo da vida, que muitas vezes deixamos de aproveitar o que já temos porque estamos focados demais naquilo que ainda não temos. Isso é um erro tremendo. Mas não se culpe se você faz isso. A sociedade nos condiciona a focar no futuro. As igrejas nos doutrinam a olhar para o futuro. Mas eu te digo uma coisa: não se esqueça, só existe o presente.
Os cemitérios estão cheios de sonhos não realizados, frustrações, mágoas, ressentimentos... tudo porque, muitas vezes, as pessoas se esquecem de valorizar o que já têm. O simples fato de ter dois braços, duas pernas, poder comer, beber água, ir ao banheiro sem ajuda, ou ter sua sanidade mental preservada — tudo isso já é motivo para viver o presente com mais gratidão.
Muitos se frustram com as circunstâncias e culpam os outros pelos próprios fracassos. Mas, na verdade, o único responsável por nossos fracassos somos nós mesmos. Por exemplo:
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Existem pessoas que conquistam muitas coisas tendo apenas um emprego CLT, enquanto outras, mesmo ganhando mais como empresários, não conseguem o mesmo.
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Existem pessoas consideradas “feias” que vivem relacionamentos felizes e bem-sucedidos, enquanto outras, agraciadas com beleza, são infelizes no amor.
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Existem pessoas sem braços ou pernas que exalam alegria e conquistam coisas e corações, enquanto muitas outras, com saúde perfeita, se deixam vencer pela depressão por coisas pequenas.
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Existem pessoas que vieram de origens humildes e conquistaram o sucesso, enquanto outras, mesmo com ensino superior, estão desempregadas.
A verdade é que todos nós temos o poder de escolher: escolher reclamar ou lutar, escolher ser humildes ou viver na solidão, escolher viver ou morrer.
Hoje em dia, eu não tenho depressão. Mas isso não importa tanto. O conhecimento e as experiências da vida são um fardo a ser carregado. Minha única opção agora é me esforçar e lutar para mudar a minha vida — ou simplesmente esperar a morte. Não se trata de fé ou qualquer outra coisa: trata-se de escolha. E nada mais.
Escolher fazer aquilo que não queremos fazer. Escolher fazer o que é necessário.
Meu grande vilão na vida sempre foi o meu coração — ou seja, eu mesmo.